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Mostrando postagens de março, 2018

Sombras no sofá da sala -- Conto -- Conto de Érebus.

Judite estava implorando para o pai não se sentar no sofá; aquela criatura estava ali esperando ele e não era uma coisa boa. _ Não pai!_ ela disse_ você não está vendo? Tem um negócio sentado ali no sofá. A menina de dez anos era a única que parecia ver a criatura sentada no sofá de sua sala; um ser sem forma, feito completamente de sombras. _ Do que é que você está falando filha?_ disse o pai da menina. Ele acabara de chegar da rua, tinha ido comprar seu maço diário de cigarros e estava ansioso por se sentar, fumar e ver um pouco de televisão. A menina puxou o pai pela mão até o limiar da sala que fazia divisa com a cozinha e procurou pela mãe, mas a mãe acabara de sair, devia ter ido até a padaria ou ao mercadinho da esquina. Judite olhou para o sofá e ficou abismada com o fato de que as sombras permaneciam lá, como se de repente uma grande nuvem negra de pequenos insetos houvesse pousado sobre aquele móvel. _ Pai!_ Ela disse novamente_ você não está vendo? _ Ven

Por que não há livros no meu quarto?

Quando eu decidi começar como escritor, havia uma grande vontade dentro de mim, que era possuir uma estante enorme repleta de livros no meu quarto. Eu queria colocar todos os livros que mais gostava nas prateleiras desta estante, assim como vários outros dos meus autores favoritos. Logo que pude comecei minha coleção, comprando todos os livros de todos os autores que eu desejava ler; depois de alguns meses já havia uma quantidade considerável de títulos nas prateleiras do meu quarto, olhar aquela coleção magnífica era algo que me alegrava, orgulhava e, de alguma forma, me ajudava a lembrar do meu desejo de escrever os meus próprios livros. Porém algo aconteceu. Depois de alguns anos comprando e colecionando livros eu finalmente possuía a estante com as prateleiras apinhadas de títulos tanto de escritores internacionais quanto nacionais; meu quarto já não comportava o grande número de volumes que eu possuía e minha lista de livros para ler não parava de crescer. Além de comp

Arcanjo -- Capítulo 16 -- Final -- Érebus.

Bateram na porta. Ricardo estava sozinho em casa deitado no sofá da sala, tinha passado os últimos dias completamente isolado e pouco havia se envolvido na busca por Ângelo, sabia que ele estava sumido havia um mês, mas ele, Ricardo, não tinha coragem de ficar frente a frente com as pessoas as quais prejudicara tanto. Não conseguira explicar a Mônica o que tinha acontecido com ele próprio, não conseguia nem explicar a si mesmo, e se sentia terrivelmente culpado por ter sido o instrumento usado por aquela força caótica para tirar a vida de Leonardo e sabe Deus de mais quem. Todos os dias ele se perguntava o que mais teria feito, tinha medo até de pensar, mas de tudo que possivelmente fizera quando esteve aprisionado pela criatura, uma única coisa havia restado, uma marca física terrível; uma tatuagem com o nome Tânatos, que parecia ter sido confeccionada com ferro e fogo e não com uma agulha especial. A tatuagem tomava o braço direito desde o punho até o cotovelo. Ele não co

Espera sem fim -- Capítulo 15 -- Érebus.

Um mês depois. Diana ainda caminhava dentro de casa esperando um telefonema que teimava em não vir. Ela tinha passado o último mês envolvida numa busca que se mostrou completamente infrutífera e nutria esperança de que o namorado a contatasse. Procurou por ele em todas as partes desde que desaparecera misteriosamente naquela noite chuvosa em que a tinha acompanhado até à casa dos pais dela depois de não se sentir suficientemente seguro para deixar que ficasse em sua própria casa. Desde então nunca mais o viu. Ela foi procurá-lo na casa da família dele no dia seguinte ao dia em que tinham presenciado a estranha forma nebulosa na casa de Patrícia, mas os pais de Ângelo já mostravam grande preocupação pelo fato de ele jamais ter chegado em casa. Estavam todos muito nervosos, mas aquilo não os impediu de sair para procurar nas proximidades. Encontraram o carro dele devidamente estacionado no pátio da garagem, mas as portas não estavam trancadas; dentro do veículo não havia

Chuva negra -- Capítulo 14 -- Érebus.

Finalmente estava de volta ao lar, a chuva tinha diminuído de intensidade, mas ainda caia com força suficiente para fazer com que pessoas não ousassem caminhar sem a devida proteção pelas ruas. Ele estava parando o carro na garagem e sua mente permanecia repleta de pensamentos referentes ao episódio pelo qual passou. Como digerir aquelas visões? Como assimilar as vozes? E pior, como fazer para superá-las. Em pouco menos de dois dias ele tinha ouvido mais vozes e tido mais visões do que na soma de vários anos anteriores. Estava tão perdido quanto um barco à deriva ou um piloto no meio de um vôo cego. Além disso, Ângelo estava experimentando um cansaço físico e mental nunca antes sofrido e também sentia como se muita informação tivesse sido arrancada à força de sua cabeça, havia espaços enormes faltando em suas memórias; não sabia o que havia desaparecido, mas tinha certeza de que perdera muita coisa, apesar disso, outra sensação tão estranha quanto essa estava solta nele. Se
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