Judite estava implorando para o pai não se sentar no sofá; aquela criatura estava ali esperando ele e não era uma coisa boa. _ Não pai!_ ela disse_ você não está vendo? Tem um negócio sentado ali no sofá. A menina de dez anos era a única que parecia ver a criatura sentada no sofá de sua sala; um ser sem forma, feito completamente de sombras. _ Do que é que você está falando filha?_ disse o pai da menina. Ele acabara de chegar da rua, tinha ido comprar seu maço diário de cigarros e estava ansioso por se sentar, fumar e ver um pouco de televisão. A menina puxou o pai pela mão até o limiar da sala que fazia divisa com a cozinha e procurou pela mãe, mas a mãe acabara de sair, devia ter ido até a padaria ou ao mercadinho da esquina. Judite olhou para o sofá e ficou abismada com o fato de que as sombras permaneciam lá, como se de repente uma grande nuvem negra de pequenos insetos houvesse pousado sobre aquele móvel. _ Pai!_ Ela disse novamente_ você não está vendo? _ Ven
Escritor, blogueiro, romancista e contista virtual